quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

nada lêem os meus olhos
os meus dedos nada escrevem
são como estéreis abrolhos
onde as rosas não se atrevem.

já floriram primaveras
entre os nós das minhas mãos
mas agora só há heras
entre gestos sempre vãos.

se tu lesses o que escrevo
escreveria novamente
sobre o amor a que devo
este mal estar de doente.
arranca do teu peito a voz truncada
grita a liberdade no teu grito
e cala para sempre esse proscrito
medo que amordaça a voz amada.

sê livre e livremente espalha o riso
com pétalas de sílabas trinadas
e num trinado límpido e conciso
canta do ocaso às madrugadas.

que a luz do grande sol te dê alento
para cantar aos homens ignorantes
e canta belos versos aos amantes
em pautas desenhadas pelo vento.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

ter-te,
é não te ter em coisa alguma
é mergulhar na doce bruma
dum sonho álgido e imbele
e ser a força que o impele
para uma meta que se esfuma.

ter-te,
não é estreitar-te nos meus braços
nem confiar-te nos cansaços
palavras mornas que adormecem.

Ter-te,
é simplesmente não ter nada
e ter assim justificada
esta vontade de perder-te.