terça-feira, 14 de maio de 2013

Aonde a águia vai, vai-me o coração
mas o que a águia alcança jamais alcançarei
porque a águia é livre no céu onde se lança
e a mim tudo me cansa, na terra onde pousei.

segunda-feira, 11 de março de 2013

"Um misto de fracasso e de conquista. Um medo transmutado de coragem. Tão frágil como a rosa que se avista. Brutal no cinzentismo da paisagem. Assim mulher e bicho me retrato. Mesclando o pesadelo com o sonho. E vivo de incertezas... e me mato. Num fio de esperança que reponho."

domingo, 11 de setembro de 2011

Despedida

Faz-me todo o sentido que tu queiras chorar
Neste porto de abrigo vendo um barco passar

Eu estarei lá contigo quando o tempo voar
Arrostando o castigo de te ver naufragar.

Que terei eu sentido quando os olhos fechar
E tiveres partido para não mais voltar?

sábado, 27 de agosto de 2011

Há um silêncio que se quebra neste muro
onde as palavras estentóreas se rebelam
e corações ensanguentados que atropelam
símbolos negros de um significado obscuro.

Há borboletas que esvoaçam prisioneiras
das asas plúmbeas que lhes foram desenhadas
e há caveiras com as faces descarnadas
entre cometas de profusas cabeleiras.

Neste mural contemporâneo e simbolista
que tu ignoras quando vais para o emprego
há uma candura surreal, um desapego
o rasgo iluminado de um artista.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Passaram os dias, o relógio calou-se
Na casa vazia o silêncio deitou-se

Vieram as nuvens, as chuvas cairam
As brisas ligeiras os campos despiram.

Os frutos colhidos, à mesa chegaram
De risos floridos os lábios deixaram.

Depois foi a neve, quem veio brincar
No rio gelado que a soube esperar.

Também eu esperei, sentado na sala
Escutando a lareira que sozinha fala.

Mas tu não vieste, nem sei se virás
E segues distante num passo voraz.

sábado, 6 de agosto de 2011

são poemas simbolistas o que deixo
entre linhas preenchidas de vazio
paralelas como as margens de um rio
e singelas como as faces de um seixo.


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Eu sei que a noite é triste e compreendo
Que a escuridão te enerve, se estás só
Envolta nos teus medos, remoendo
A dor que é recente e não tem pó.

Eu sei que os conselhos são inúteis
Que tudo o que disser será em vão
Mas há-de haver em ti compreensão
Para estes versos toscos, quase fúteis.

Em mim tudo o que existe é coração
É força de saber que há mais além
Daquilo que aos meus olhos se mantém
Indizível na verdade da razão.

Em mim tudo o que existe é poesia
É vida a fervilhar numa tensão
Que se expande alegremente e contagia
Como a fonte que inspira uma canção.

Eu sei que a noite é triste e compreendo
Que a escuridão te enerve, se estás só
Mas há-de haver um fim para esse nó
Na aurora boreal que vem nascendo.