não é o teu olhar que mais recordo
nem são as tuas formas que relembro
são as tardes mornas de setembro
que sinto ainda longe quando acordo.
do corpo que me deste nada tenho
perdi todos os elos do encanto
amei-te, sim, amei, mas entretanto
esbateu-se a tua luz no meu desenho.
agora que partiste pinto à tarde
com pinceladas tristes e singelas
e vou compondo a cor nas minhas telas
com cinzas dum amor que já não arde.
setembro foi o tempo das quimeras
das vinhas e dos vinhos perfumados
dos sonhos e dos beijos destinados
ao sobrevir de novas primaveras.
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
domingo, 30 de agosto de 2009
um mar azul turquesa que reflecte
um barco de alva vela pela espuma,
um sol incandescente que se apruma
num céu apolescente que derrete.
um livro de poemas que promete
deixar-me na toalha a tarde inteira,
um grito de gaivota passageira
que voa pela praia e compromete.
nas ondas, enredada, qual sereia
tentando equilibrar-se com firmeza
escorada no seu traje de beleza
uma morena linda titubeia.
bela não fosse e a turba zombeteira
que se compraz na ignóbil estultícia
faria do seu escárnio uma notícia
e da nudez da ninfa a sua esteira.
um barco de alva vela pela espuma,
um sol incandescente que se apruma
num céu apolescente que derrete.
um livro de poemas que promete
deixar-me na toalha a tarde inteira,
um grito de gaivota passageira
que voa pela praia e compromete.
nas ondas, enredada, qual sereia
tentando equilibrar-se com firmeza
escorada no seu traje de beleza
uma morena linda titubeia.
bela não fosse e a turba zombeteira
que se compraz na ignóbil estultícia
faria do seu escárnio uma notícia
e da nudez da ninfa a sua esteira.
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
eu quero ser a chama e ser o sopro
o ânimo fulgente que te anima
a brisa passageira que te mima
um corpo torneado pelo escopro.
eu quero ser o mestre e ser o servo
num lúbrico xadrês de sedução
sacrifricar meu rei ao teu peão
com quanta força d'alma em mim reservo.
eu quero que o meu beijo te provoque
num fogo incendiário de conquista
um frémito pulsante que resista
à força intempestiva doutro toque.
o ânimo fulgente que te anima
a brisa passageira que te mima
um corpo torneado pelo escopro.
eu quero ser o mestre e ser o servo
num lúbrico xadrês de sedução
sacrifricar meu rei ao teu peão
com quanta força d'alma em mim reservo.
eu quero que o meu beijo te provoque
num fogo incendiário de conquista
um frémito pulsante que resista
à força intempestiva doutro toque.
domingo, 23 de agosto de 2009
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
se se morre de amor quero que morra
que o ar dos seus pulmões se petrifique
que o sangue nas artérias já não corra
e num sorriso exangue o rosto fique.
se se morre de amor quero que sinta
o álgido calor que me percorre
enquanto no meu corpo o sangue morre
a palidez funérea o rosto pinta.
se se morre de amor morramos juntos
nos braços um do outro como amantes
e desçamos à terra triunfantes
arautos do amor quando defuntos.
que o ar dos seus pulmões se petrifique
que o sangue nas artérias já não corra
e num sorriso exangue o rosto fique.
se se morre de amor quero que sinta
o álgido calor que me percorre
enquanto no meu corpo o sangue morre
a palidez funérea o rosto pinta.
se se morre de amor morramos juntos
nos braços um do outro como amantes
e desçamos à terra triunfantes
arautos do amor quando defuntos.
da chegada do amor (para a Codinome beija-flor)
chegou no silêncio de uma manhã de prata
vestido de névoa e trajando um aguaceiro
chegou pela hora em que a solidão nos mata
fruto da aljava do imbele arqueiro.
entrou pela pele e provocou no pulso
torrentes de suor e erupções de medo
e a cada espasmo a cada novo impulso
cresceu e vigorou como um segredo.
agora já maduro tem brônzea armadura
resiste às intempéries no meu coração
quixotesco amante que a dor depura
hercúleo adamastor contra a solidão.
vestido de névoa e trajando um aguaceiro
chegou pela hora em que a solidão nos mata
fruto da aljava do imbele arqueiro.
entrou pela pele e provocou no pulso
torrentes de suor e erupções de medo
e a cada espasmo a cada novo impulso
cresceu e vigorou como um segredo.
agora já maduro tem brônzea armadura
resiste às intempéries no meu coração
quixotesco amante que a dor depura
hercúleo adamastor contra a solidão.
Amor,
Não sei bem por que to chamo
Na verdade eu não te amo
Nem sequer amei alguém.
Meu bem,
Eu não tenho o teu retrato
Nem reparo no teu fato
Nem pergunto se estás triste.
Desiste,
Eu não sou quem tu procuras
Nos recortes das gravuras
Das revistas que me lês.
Vês,
Tudo em mim é uma farsa
E se o amor fosse comparsa
Mentiríamos os três.
Não sei bem por que to chamo
Na verdade eu não te amo
Nem sequer amei alguém.
Meu bem,
Eu não tenho o teu retrato
Nem reparo no teu fato
Nem pergunto se estás triste.
Desiste,
Eu não sou quem tu procuras
Nos recortes das gravuras
Das revistas que me lês.
Vês,
Tudo em mim é uma farsa
E se o amor fosse comparsa
Mentiríamos os três.
sábado, 15 de agosto de 2009
Tocam de Bach uma cantata
No ar evola-se o cheiro a pão
É certamente alguém que a saudade mata
Num coração que se maltrata de paixão
Se assim não fosse por que estaria
Tocando a estas horas esquecidas do dia
Com tanto empenho, tanta emoção?
Quem assim toca morre de amor
Entre incontáveis soluços de pranto
E assim desfia clavicórdios de dor
Nas góticas estrofes de um novo canto.
No ar evola-se o cheiro a pão
É certamente alguém que a saudade mata
Num coração que se maltrata de paixão
Se assim não fosse por que estaria
Tocando a estas horas esquecidas do dia
Com tanto empenho, tanta emoção?
Quem assim toca morre de amor
Entre incontáveis soluços de pranto
E assim desfia clavicórdios de dor
Nas góticas estrofes de um novo canto.
eu tenho um castelo de areia
mesmo à beirinha do mar
se souberes de quem lá queira
ir comigo habitar
di-lo àquela sereia
que na praia vem cantar
baladas de amor e de guerra
de poetas e gente que erra
pelas praias ao luar.
o meu castelo de areia
de conchas, búzios, madeira
e vidros e rochas do mar
tem no brasão de uma ameia
o meu coração a sangrar.
eu tenho um castelo de areia
mesmo à beirinha do mar
só não tenho quem lá queira
ir comigo habitar.
mesmo à beirinha do mar
se souberes de quem lá queira
ir comigo habitar
di-lo àquela sereia
que na praia vem cantar
baladas de amor e de guerra
de poetas e gente que erra
pelas praias ao luar.
o meu castelo de areia
de conchas, búzios, madeira
e vidros e rochas do mar
tem no brasão de uma ameia
o meu coração a sangrar.
eu tenho um castelo de areia
mesmo à beirinha do mar
só não tenho quem lá queira
ir comigo habitar.
Deixa o velho porto a tua escuna
Num rasto de gaivotas pardacentas
E ruma para o sol que cobre a duna
De azuis e violáceos e magentas.
Eu fico à beira mar olhando a espuma
Pensando no navio que se ausenta
E sinto a tua fuga como a pluma
Cujo peso à terra firme me acorrenta.
Tu segues o caminho mais seguro
Aquele que te afasta da loucura
E só eu fico aqui, onde se apura
Um sentimento tórrido e obscuro.
Num rasto de gaivotas pardacentas
E ruma para o sol que cobre a duna
De azuis e violáceos e magentas.
Eu fico à beira mar olhando a espuma
Pensando no navio que se ausenta
E sinto a tua fuga como a pluma
Cujo peso à terra firme me acorrenta.
Tu segues o caminho mais seguro
Aquele que te afasta da loucura
E só eu fico aqui, onde se apura
Um sentimento tórrido e obscuro.
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Sorriste-me da mesa do café
enquanto eu aguardava a minha bica
a voz interior dizendo "fica"
crescendo como as ondas da maré.
De novo me sorriste do balcão
tirando uma moeda da carteira
sorrindo dessa pueril maneira
que sempre me arrebata o coração.
Sorriste-me, depois, já à saída
e eu voltei ali, a procurar-te
talvez acreditando em encontrar-te
eu, que nem sorri na despedida.
enquanto eu aguardava a minha bica
a voz interior dizendo "fica"
crescendo como as ondas da maré.
De novo me sorriste do balcão
tirando uma moeda da carteira
sorrindo dessa pueril maneira
que sempre me arrebata o coração.
Sorriste-me, depois, já à saída
e eu voltei ali, a procurar-te
talvez acreditando em encontrar-te
eu, que nem sorri na despedida.
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